A melodia do coração 2

       (...) De todas as rugas que o tempo me dá, jamais deixarei que minh’alma passe por quiçá um dia de um velho aborrecido.
        Minha essência se faz por nascer um minuto de olhar ao caminho perdido. Um segundo de tempo perdido. Um sentido na curva do perigo.
        Já vi tantos homens passarem por mim e de nada levarem ao castelo dos desejos. Nada vi ser construído, tudo vi ser desconstruído. 

      Sentei-me à sombra de uma laranjeira e pude ouvir o doce canto dos pássaros. Pude acompanhar o voo calmo e delicado das borboletas por entre as rosas e tulipas daquele meu maravilhoso jardim.
        Um jardim enfeitado pela natureza trouxe-me a paz que outrora já não mais tinha. Fui, portanto, conduzido a um pensar esplendoroso.

        Projetei sua imagem a frente de tudo o que havia por ali. Tentei não esquecer de nenhum detalhe, como o seu sorriso e o seu olhar.

        Vi nascer um sentimento que não cabia em meu peito. Sonhei com algo que jamais , talvez, poderia conseguir realizar. Mas sonhos são sonhos e,como tal, jamais deixarei de os ter dentro de mim.

        A cada dia rejuvenesço pela essência que me conduz. Minhas rugas já não são nada perto do que sinto. Palavras já não são certeiras para explicar tudo o que há para ser esclarecido.

        Revisitando cada momento cujo olhar apenas se fez presente. Mas jamais deixou de existir.